quarta-feira, 18 de maio de 2016

Pelejando com o espelho

Em frente ao espelho declarei mil vezes “Amo você”. Teria sido perfeito se meus olhos míopes não tivessem confundido minha imagem com aquilo que a refletia. Sofri por algum tempo a frustração do espelho não reagir àquele meu amor de um só. Só depois de acordar para essa minha estupidez, mudei a prática; e, agora, sempre que me deparo com algo que só pode me refletir, coço os olhos mil vezes. Minha existência tem sido mais serena desde então, e parece-me que a do espelho também: lá no seu universo, crente que pode ser qualquer um, majestosamente seguro de si e inerte como lhe apraz. Como ambos nos encontramos nos postos que nos cabem, bastou trocar a recitação para “Ado ado ado...” para que a paz se reestabelecesse entre nós. (Eme Baobá)

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