sábado, 26 de novembro de 2016

Tesouros Requerem Zelo

O Amor, quando ainda criancinha, se mal amado, insiste em chamar a atenção. Afinal, está convicto de ser o maior de todos os tesouros. Pode acontecer dele gritar, espernear, se jogar no chão, beliscar, chutar, fazer birra..., pois, ainda tão ingênuo, tudo lhe parece possível, a fim de obter atenção. Por vezes, "causa" tanto que chega a não parecer Amor. Depois, aos poucos, o Amor vai crescendo até se emancipar e se instalar no seu próprio universo de onde já não alcança mais a percepção dos caprichos mundanos, como forma de manifestação. É quando se torna impossível ignorar todo e qualquer outro Amor que dele se aproxime. A atração e a não atração, ambas imantadas, simplesmente acontecem; com naturalidade e livres de quaisquer impedimentos ou obstáculos.
Dali do seu universo, não há como o Amor se manifestar de outra forma que não seja serenamente; afinal, a vibração que ali governa só permite um tipo de ação: "amar". Quando não houver serenidade será sinal de que o Amor é ainda só um bebezinho gritando por cuidados ou, se não crescer, de que se trata apenas do ego "reclamão", tentando desviar nossa atenção, como bem tem sido a sua eterna lida. Que sejamos capazes de zelar pelos nossos amores bebês e que aprendamos a não sofrer em vão com as ruidosas trapalhadas do ego.Seja um ou seja outro, mais dia menos dia, tudo se clareia sob a luz emanada dos corações que amam.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Tome tento

Todos somos iguais em essência, porém cada um está em um estágio específico de capacidade de manifestação dessa essência. Do ponto em que estou, tão ínfimo diante da plenitude que devo alcançar, assumo e confesso que me sinto MUITO melhor do que quem ainda necessita mentir, usar pessoas para satisfazer seus prazeres instintivos; comprar afetos; de quem precisa se vender por facilitações materiais; manipular o que de melhor cada um lhe entrega só para satisfazer seu ego doentio, do que quem descarta pessoas como se fossem lixos, após vampirizar seus conteúdos deleitosos... Ah, eu me sinto, sim, bem melhor que esse tipo de gente que finge amorosidade apenas para provar a si mesmo o seu poder de capturar pessoas como se fossem meros objetos. Eu me sinto muito melhor do que essa gente que desperta o desejo de morte por toda parte onde seus tentáculos alcançam. Qualquer um pode se melhorar, vencendo seus umbrais travestidos de luxos e regalias. Há vistas fantásticas de algumas janelas, há prazeres maravilhosos ainda que comprados, há financiamento de orgasmos deleitosos; mas, para mim, nada disso vale o preço que a falsidade para alcançá-los exige. Então, cherry, antes de se achar muito humilde, dê uma olhadinha no seu rabo sujo e fedorento e ocupe-se com o rastro de destruição que a sua passagem sempre deixa. Afinal, a sua farsa só engana gente desprovida de tudo quase. Daí a sua tara pelos desvalidos!

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O que me encanta

Esforço-me para acolher e educar a criança rebelde, espalhafatosa, e, ao mesmo tempo, adorável que existe em mim. Gosto de mantê-la solta para fazermos algazarras, festas e rirmos até doer a barriga. Dou-lhe espaço e liberdade para brincarmos muito e adoro quando a percebo livre. Talvez seja essa a razão de eu ser invocada, com frequência por vários(as) queridos(as), pelo diminutivo do meu nome. Porém, não lhe entrego o comando das minhas atitudes e dos meus passos. Esforço-me para manter o leme da minha vida sob o comando do que sou agora: uma mulher adulta, esclarecida e responsável pelos seus afetos. Afetos não se barganham. Até a minha criança sempre soube disso. Quando eu era ainda pequena, as meninas abastadas que aglutinavam "amizades" em troca da concessão de tocarem seus brinquedos caros, não me seduziam para suas rodas. Ao mesmo tempo, nunca tive dificuldades para compartilhar com elas o meu território de papéis, corantes, galhos, gravetos, folhas e frutos do nosso largo quintal, sempre cheio de plantas e árvores frutíferas. As meninas abastadas sempre foram bem-vindas no meu universo, quando desejavam participar dele, sem qualquer tipo de barganha, só pelo prazer das nossas companhias. Criança ou adulta, nunca me causou deslumbramento a concessão de tocar brinquedos e/ou obter qualquer tipo de alcance material, através das minhas amizades; pois brincar com bonecas que falam nunca me interessou. Só pode ser leal quem não depende. Quem depende age por interesse e se "aproveita" da cegueira do outro quanto ao seu poder de encantamento natural. Somente o natural me encanta e me arrasta.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Sobre a tal "química"

Tentei me conformar com o pouco que me ofereceram. Tentei com todas as minhas forças. Luta ferrenha das "brabas" comigo mesma para aceitar a imensa generosidade que diziam haver no pouco que me cabia. Não consegui. Há quem diga que meu ego me impediu. (Vai saber? O tempo me dirá.) Há quem diga que isso é natural, pois a "química do muito nos relacionamentos" não se determina pelo tanto que eles possam sacudir o nosso baixo-ventre. Isso é SÓ sexo, aqueles dois minutinhos de cócegas no clitóris, possíveis de serem alcançados com êxito mesmo sozinha ou até com estranhos. A "química dos relacionamentos" está na Reciprocidade que se apresenta, seja positiva ou não, em todas as esferas da vida. É possível o sexo sem orgasmo e também o sexo sem química, mas não há como existir relacionamento sem Reciprocidade. Para mim, que sou alguém que ama de forma explícita, declarativa, sem segredos, que não me envergonho de nada que me faz bem e que, por isso, não necessito manter nada escondido dos meus amores; é fria total tentar amar quem não consegue, de forma alguma, dissociar desejo sexual de desejo de intimidade na vida. Quando minha memória me liga ao pouco perdido, recorro à lembrança dos enormes desconfortos que esse "desencontro" de visão me traz, sempre que insisto nos meus equívocos. Daí, o que me cura é a aproximação com quem me oferece, com naturalidade, a tal Reciprocidade que há muito além dos orgasmos. A isso eu chamo "química".

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sobre desejos

Já desejei o que me transbordasse e quando o obtive, percebi que, paralelamente àquela deleitosa efervescência, aquilo me inundava, arrastando partes preciosas da minha "construção" numa enxurrada incontrolável. Também já desejei o que não me continha e percebi que, em meio à sensação de 'encontro", aquilo me apertava, machucando-me ao ponto de imprimir marcas na minha concretude. Daqui, desse "ponto em que estou, com meu Pai e minha Mãe", só desejo o que possa comportar com naturalidade minha inteireza, me acolhendo com a reverência e o reconhecimento recíprocos e naturais dos semelhantes que partilham carinho, amorosidade e prazeres, dispensando todo e qualquer tipo de esforço. Agora só desejo as efervescências que me completarem, sem me furtar de mim, e os aconchegos que me aninharem, sem me deixar um rastro de dores. Começo perceber que Amar é uma dádiva com medidas justas e precisas à qual nada falta nem sobra. Glória à Vida que tudo sempre ensina, mesmo àqueles(as), como eu, com tantas dificuldades e resistências em relação ao bom aprendizado. Desejo, igualmente, que todos(as) encontrem suas medidas exatas e confortáveis e que não lhes falte a ousadia libertadora de desfrutá-las por inteiro. Namastê e Namastudo!

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Espécies, cada qual é de uma.

Aos poucos vou me dando conta que meu inconformismo é só o eco da minha burrice em confundir as espécies. Eis aí a via pela qual me conecto com aquilo que tanto tenho execrado: esse meu lado "anta cega, surda e ruidosa"! Sigo cavocando-me para dar a essa água rasa da minha natureza a profundidade que me completa, não desperdiçando mais o melhor de mim nesse vaguear enfadonho pelo meu universo praiano e deixando-me, definitivamente, serenar pela convicção de que a praia, com todos os seus encantos (que tanto os reconheço!) jamais me bastaria porque sou do fundo do mar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Uso medicinal: LIBERA!

Anos atrás, uma amiga-irmã muito querida fez a passagem próximo dos seus 35 anos, por causa de um câncer nos dois pulmões, sem nunca ter sido fumante; resultado de uma metástase que progrediu e alcançou também outros órgãos. No estágio mais avançado da doença, ela tentava fazer piada do seu martírio para aliviar o desespero dos seus amores mais próximos, reclamando ironicamente com um riso forçado nos lábios: "- Só dói quando eu respiro.". Ainda hoje a feição daquela jovem linda, meiga e de uma fé inquebrantável, quando agia assim, continua viva na minha memória, apertando o meu coração quando se acende (como agora!). A certa altura dos acontecimentos, o médico que a assistia prescreveu o uso dessa planta para aliviar o seu calvário e, indiretamente, o de todos que também se doíam um pouco mais a cada dia com a impotência frente ao inevitável. Presenciamos o alívio que esse recurso lhe trouxe e ficamos muito gratos à Natureza pela existência desse remédio. Quem nunca passou por uma situação tão drástica, tão real e tão agonizante como essa, talvez sinta dificuldade para compreender a importância dessa medida governamental. Também compreensível. Fiz questão de registrar esse relato pensando naqueles que hoje possam estar enfrentando algum sofrimento desse tipo e que, talvez, encontrem nessa experiência algum alento.