quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O que me encanta

Esforço-me para acolher e educar a criança rebelde, espalhafatosa, e, ao mesmo tempo, adorável que existe em mim. Gosto de mantê-la solta para fazermos algazarras, festas e rirmos até doer a barriga. Dou-lhe espaço e liberdade para brincarmos muito e adoro quando a percebo livre. Talvez seja essa a razão de eu ser invocada, com frequência por vários(as) queridos(as), pelo diminutivo do meu nome. Porém, não lhe entrego o comando das minhas atitudes e dos meus passos. Esforço-me para manter o leme da minha vida sob o comando do que sou agora: uma mulher adulta, esclarecida e responsável pelos seus afetos. Afetos não se barganham. Até a minha criança sempre soube disso. Quando eu era ainda pequena, as meninas abastadas que aglutinavam "amizades" em troca da concessão de tocarem seus brinquedos caros, não me seduziam para suas rodas. Ao mesmo tempo, nunca tive dificuldades para compartilhar com elas o meu território de papéis, corantes, galhos, gravetos, folhas e frutos do nosso largo quintal, sempre cheio de plantas e árvores frutíferas. As meninas abastadas sempre foram bem-vindas no meu universo, quando desejavam participar dele, sem qualquer tipo de barganha, só pelo prazer das nossas companhias. Criança ou adulta, nunca me causou deslumbramento a concessão de tocar brinquedos e/ou obter qualquer tipo de alcance material, através das minhas amizades; pois brincar com bonecas que falam nunca me interessou. Só pode ser leal quem não depende. Quem depende age por interesse e se "aproveita" da cegueira do outro quanto ao seu poder de encantamento natural. Somente o natural me encanta e me arrasta.

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