quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Espécies, cada qual é de uma.

Aos poucos vou me dando conta que meu inconformismo é só o eco da minha burrice em confundir as espécies. Eis aí a via pela qual me conecto com aquilo que tanto tenho execrado: esse meu lado "anta cega, surda e ruidosa"! Sigo cavocando-me para dar a essa água rasa da minha natureza a profundidade que me completa, não desperdiçando mais o melhor de mim nesse vaguear enfadonho pelo meu universo praiano e deixando-me, definitivamente, serenar pela convicção de que a praia, com todos os seus encantos (que tanto os reconheço!) jamais me bastaria porque sou do fundo do mar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Uso medicinal: LIBERA!

Anos atrás, uma amiga-irmã muito querida fez a passagem próximo dos seus 35 anos, por causa de um câncer nos dois pulmões, sem nunca ter sido fumante; resultado de uma metástase que progrediu e alcançou também outros órgãos. No estágio mais avançado da doença, ela tentava fazer piada do seu martírio para aliviar o desespero dos seus amores mais próximos, reclamando ironicamente com um riso forçado nos lábios: "- Só dói quando eu respiro.". Ainda hoje a feição daquela jovem linda, meiga e de uma fé inquebrantável, quando agia assim, continua viva na minha memória, apertando o meu coração quando se acende (como agora!). A certa altura dos acontecimentos, o médico que a assistia prescreveu o uso dessa planta para aliviar o seu calvário e, indiretamente, o de todos que também se doíam um pouco mais a cada dia com a impotência frente ao inevitável. Presenciamos o alívio que esse recurso lhe trouxe e ficamos muito gratos à Natureza pela existência desse remédio. Quem nunca passou por uma situação tão drástica, tão real e tão agonizante como essa, talvez sinta dificuldade para compreender a importância dessa medida governamental. Também compreensível. Fiz questão de registrar esse relato pensando naqueles que hoje possam estar enfrentando algum sofrimento desse tipo e que, talvez, encontrem nessa experiência algum alento.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

"Ah, esse tal de amor!"

Esse tal de amor(zinho) é um nó misterioso, apertado e difícil de ser desatado. Já o Amor, não. O Amor é certeiro, indelével e impossível de ser ignorado. É soberano a tudo. Todas as pequenezas da alma se rendem a Ele. Muitos juram amar e até acreditam piamente nisso, sem perceberem que só conseguem amar esse amor(zinho) declamado, desvinculado de atitudes amorosas, que só age na barganha de conveniências, que sempre causa dor e que sobrevive e se fortalece apenas no ego de quem ainda não sabe o que é o Amor. Esse amor(zinho) aprisiona, engana, esconde, usa, fere, compra e vende afeto, é mesquinho e traiçoeiro, se alicerça no bem-estar próprio e, para tanto, não vê limites: cria farsas, trapaceia, mente, dissimula e quando você se esforça para sublimar certas atitudes, acreditando que tudo pode mudar, logo ali adiante a Vida vem e desvenda mais uma trapaça. O amor(zinho) não muda. A sua natureza é vil. Não por maldade premeditada, apenas por desconhecer o Amor; por nunca tê-lo vivido. Só os fatos e as atitudes podem distinguir um do outro. E quando doer, saiba: é o tal amor(zinho)! Não se iluda; não alimente esperanças de que possa transformá-lo em Amor. É impossível. O amor(zinho) foge do Amor como o diabo foge da cruz, porque o seu único objetivo é preservar a dominação sobre o outro e o Amor dissolve instantaneamente essa sua pretensão. Se você for um(a) Buscador(a) e se deparar com um amor(zinho), não se deixe deter por ele; simplesmente, libere-se desse trilho torto que o seu ego o(a) colocou e deixe quem está feliz com o seu amor(zinho) seguir livre, fingindo com as suas artimanhas. Retome o seu rumo o mais rápido possível, convicto(a) de que o Amor sempre estará no comando de tudo. Antes de partir, lembre-se de recolher suas energias entregues ao voraz amor(zinho) e devolva-lhe as que ficaram em você, ambas, por engano. Quando e se a saudade aparecer, peça a ela que tenha paciência porque chegará o tempo em que todos(as) seremos capazes de amar e estaremos reunidos no Amor.