segunda-feira, 2 de março de 2015

Ah, o amor... Tão idiota e tão imprescindível!

POEMA EM AMORÊS II - Mal sei quem você é, mas posso ver o quanto me falta. Dentre suas lições, a maior: a razão nem sempre me governa. Mesmo! Do pouco que fomos, se nem tudo me anima, muito me encanta. Imaginação, fantasia, loucura, devaneio, criancice? Não me interessa como chamar o que sinto. O nome do lugar incomum para onde fui transportada pelos seus carinhos? Pouco ou nada importa. O sentimento liberado pelas brincadeiras dos nossos corpos? Recuso-me a tentar decifrá-lo. Querer sabê-lo seria roubar um pouco do que foi muito. Prefiro guardar nosso muito inteiro. De perto ou de longe, você me traz um quê de elevação. A concretude do sublime que me visita,vez ou outra, quando sua lembrança me abraça,continua me levando a cantos inéditos de mim. É o que me basta, por ser real. Só isso importa, pois me move por dentro. Oxalá, assim seja para sempre. Aos poucos vou aprendendo sobre os abismos para os quais sua dureza me empurra, e até isso é bem-vindo. Minhas verdades me são caras tanto quanto os mensageiros que as apontam. Você me é caro pelo novo revelado de mim que o acompanha.

O que dizer sobre essa dor vestida de palavras?

Desolação. O sol arde encoberto por nuvens encortinando o olhar de quem dói. Ferrugem da alegria corrói o coração. Alento? Só o das más lembranças. Alívio para o moinho da mente: desatado, ruidoso, enfadonho, remoendo migalhas. A memória impiedosa empunha seu sabre, fere a espera, náufraga num mar de talvez. A pele agarrada à nostalgia não sossega. Aquece, gela, sua, ameaça necrosar em rebeldia; e nada. Revoar noturno de escombros alados por entre saliências planas. Bandeirolas hasteadas em um fio de agonia. O impossível assiste ao desespero da infinitude em busca de um limite. Um calço, uma ilha, um porto. Tudo é só ausência. Falta o duro do chão, a aspereza da areia, a surpresa do fôlego salvador, a dor derradeira, a morte, o vazio, o fim. Falta. A morte segue devagar, tortura. Cega, nem percebe estar só. Tudo que era vivo batera em retirada diante de tanto nada.